
A oportunidade de trilhões de dólares no apoio às mulheres empreendedoras
Shalini Unnikrishnan e Roy HannaToda mulher passa por isso, e muitas estão na ativa quando isso acontece. Entretanto, a palavra é raramente utilizada – e as pessoas se referem a ela como “a mudança” ou “a transição”. Quando é mencionada, normalmente está inserida numa piada.
Chegou a hora de tratarmos a menopausa no trabalho com seriedade – e das mulheres que têm os sintomas, sentirem-se capazes de falar sobre isso em sua própria defesa.
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Que está de fato impedindo as mulheres de avançar?
Vejamos os números a seguir: a idade média para o início da menopausa é aos 51 anos; os sintomas perduram por entre quatro e oito anos. Há 61 milhões de mulheres com mais de 50 anos na força de trabalho americana. Esta mesma categoria representa a porção que cresce com mais rapidez na força de trabalho do Reino Unido.
Essas mulheres têm sintomas que afetam o trabalho. Um levantamento recente realizado pelo Chartered Institute of Personnel Development (CIPD) no Reino Unido apontou que 59% das mulheres que sentiram os sintomas da menopausa sofreram um impacto negativo no trabalho, e metade delas teve dificuldade para realizar as tarefas. Um outro estudo com aproximadamente 900 mulheres trabalhadoras avaliou que a baixa confiança em si e o nível baixo de concentração e memória, associados aos sintomas da menopausa, lhes causaram grandes dificuldades no trabalho. Outros estudos também mostraram que, durante a menopausa, o nível de estrogênio diminui e o de testosterona aumenta, o que pode causar rouquidão. Da mesma maneira, os músculos e tecidos que envolvem a laringe começam a enfraquecer, prejudicando as cordas vocais. Dessa forma, algumas mulheres literalmente têm perda da voz.
No entanto, muitas delas na fase da menopausa também perdem a voz – metaforicamente. Enquanto quase 1/3 das mulheres entrevistadas para o estudo da CIPD disse que obteve licença médica por conta dos sintomas, somente 1/4 delas conseguiu informar ao gestor o real motivo de sua ausência.
A escassez de relatórios que estudam os custos associados à menopausa no ambiente de trabalho é outro sinal da ausência de conversas sobre esse assunto; há ainda muito menos relatos sobre os custos gerados pelo silêncio que a acoberta. O silêncio abafa as possibilidades de implementação de práticas no ambiente de trabalho que poderiam dar assistência às mulheres, como mudanças flexíveis no trabalho ou no seu ambiente. A falta de abertura – e até pior, um número ilimitado de chacotas e bullying – pode desencadear a insatisfação no trabalho, estresse desnecessário, ansiedade e até depressão para as mulheres que não conseguem procurar apoio. Os custos também são altos para os colegas de trabalho e para a empresa, uma vez que a produtividade cai e, em alguns casos, funcionárias decidem deixá-la.
Por que o silêncio?
Em se tratando de uma sociedade, a discriminação de gênero e a misoginia ainda são motivos para grande preocupação. Embora tenha havido alguma melhora nos últimos anos, é possível ver com clareza por que alguns padrões de silêncio ainda estão enraizados ao longo da vida quando a sociedade insiste em fazer pressão para que as jovens mantenham o silêncio sobre assuntos relacionados à menstruação.
Em se tratando de forma individual, o levantamento que uma de nós (Megan, com seu coautor John Higgins) sugeriu algumas razões mais específicas para o silêncio quanto à revelação do problema no trabalho. Nosso levantamento com mais de 5 mil funcionárias mostrou que o medo mais comum que impede as mulheres de falarem sobre o assunto é o medo de serem vistas de maneira negativa. No caso das mulheres que falam sobre a menopausa, esse medo é especialmente predominante quando o gestor é do sexo masculino – e, principalmente, se for jovem. Tais medos têm fundamento. Algumas mulheres afirmam terem sido ridicularizadas, sofrido abusos, ou terem sido estereotipadas por estarem na menopausa. Não é de se surpreender que as mulheres receiem falar sobre o assunto, pois isso faria com que seus gestores do sexo masculino pensassem que elas não estariam desempenhando suas funções tão bem como deveriam, o que atrasaria as promoções ou faria com que se tornassem alvos durante os desligamentos.
O que você pode fazer a respeito
Se esse tabu tem de mudar, todos nós – e especialmente líderes de empresas – precisamos fazer três coisas: procurar entender, dar ouvidos, e conduzir as mudanças para apoiar as estruturas no ambiente de trabalho.
Ao mesmo tempo em que essas diretrizes para os gestores de mulheres e colegas ajudam a criar um ambiente de trabalho seguro para abordar a menopausa, e a tarefa de superar o tabu não deva cair sobre as mulheres, a realidade é que as mulheres que estão na menopausa irão enfrentar situações incômodas com os colegas. Se você está sentindo que os sintomas da menopausa estão afetando seu trabalho, nossa pesquisa sugere que:
A menopausa é um dos tabus mais fortes, impactantes e discriminatórios que ainda existem no ambiente de trabalho. Os sintomas mentais e físicos, bem como seus efeitos negativos na produtividade, são desnecessariamente exacerbados por conta da má política e presunções relacionadas ao gênero e à idade, persistentes e ultrapassados. Temos condições e deveríamos sempre ter um papel fundamental na quebra do silêncio.
Megan Reitz é professora de liderança e diálogo da Ashridge Executive Education da Hult International Business School. Reitz dá palestras, faz pesquisas e presta consultoria para ajudar as empresas a desenvolverem um diálogo mais aberto, mútuo e criativo. Ela é autora do livro Dialogue in organizations (2015) e coautora do livro Mind time (2018) and Speak up (2019).
Marina Bolton é diretora de desenvolvimento organizacional, design e aprendizado no UK Civil Service e é Campeã da Menopausa do Civil Service Menopause Network. Bolton é também doutoranda em mudança organizacional, e realiza pesquisas sobre o papel da compaixão em nosso cotidiano.
Kira Emslie é especialista em linguagem oral e corporal, e trabalha na academia de líderes do Sistema Nacional de Saúde e da Mountview Academy de artes teatrais. Emslie é Instrutora Mestre Certificada pela Estill e é parte da equipe da www.speakinguplisteningup.com e atualmente está realizando pesquisas sobre a voz e o efeito das emoções e dos hormônios na NHS IAPT.
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